A política urbana no Brasil:
Dos avanços na Constituição cidadã aos retrocessos recentes
DOI:
https://doi.org/10.29327/2148384.2025.814%20Palavras-chave:
Constituição de 1988, Política Urbana, Governo BolsonaroResumo
Este artigo analisa a evolução das bases institucionais da Política Urbana no Brasil desde a Constituição de 1988 até o período contemporâneo. O processo constituinte registra enunciados originais, com destaque para um capítulo dedicado à questão urbana e a incorporação da plataforma da reforma urbana. O período subsequente consigna um ciclo de regulamentação infraconstitucional e inovações que mantiveram a tendência aos avanços, com destaque para a aprovação do Estatuto da Cidade, criação do Ministério das Cidades e do Conselho das Cidades, além de outros programas e políticas. Por fim, a partir de 2016 tem início um ciclo de reversão dos avanços e conquistas precedentes, que ganhou expressão no governo Bolsonaro (2019-2022), destacando-se a extinção do Ministério das Cidades e do ConCidades e a suspensão de ações abrangentes como os Programas de Aceleração do Crescimento e Minha Casa Minha Vida. Tais retrocessos descapacitaram o Estado e intensificaram a crise urbana.
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