Investimento estrangeiro direto no Nordeste brasileiro: vetor de desenvolvimento?

Márcia Cristina Silva Paixão, Jorge Madeira Nogueira

Resumo


O artigo identifica a presença, efetiva ou esperada, do IED na região Nordeste e avalia a contribuição potencial para o desenvolvimento local. São utilizados dados do Bacen, fDi Intelligence e IBGE do período 1995-2012. Dados do período 2000-2005 permitiram constatar uma produtividade média no Nordeste inferior à de outras regiões e uma taxa de crescimento do emprego de 93%. Este último ponto seria uma evidência de boom do IED na região na primeira metade dos anos 2000, enquanto a diferença de produtividade pode refletir um menor estoque relativo de IED em atividades intensivas em escala, com tecnologia diferenciada ou intensivas em ciência. Dados de investimentos anunciados revelaram que atividades extrativas geram somente entre um e dois postos de trabalho por milhão de dólares investido. Além disso, há evidências de que empresas de países em desenvolvimento são relativamente menos inovativas e que a origem europeia não implica performance inovativa superior. Conclui-se que políticas regionais de atratividade de investimentos precisam ser seletivas e estratégicas também em relação ao investimento estrangeiro.


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