Técnicos e políticos nos primeiros anos do BNDE

Autores

  • Elisa Klüger Universidade de São Paulo

Resumo

A multiplicação dos órgãos de política e intervenção econômica, nos anos 1950, é acompanhada por uma inflexão na lógica administrativa do Estado, tanto no que concerne ao recrutamento, que privilegiará a seleção de profissionais especializados, como no que se refere às tarefas atribuídas aos novos quadros, progressivamente direcionadas para a elaboração de análises técnicas para o planejamento das atividades econômicas. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) é uma das instituições nas quais se instala, entre os novos especialistas, um consenso acerca da necessidade de planejar. Este, no entanto, é acompanhado de um intenso debate quanto às prio­ridades e limites do planejamento e sobre o grau de participação que o Estado e o capital estrangeiro deve­riam ter nas atividades econômicas. Três proeminen­tes funcionários do BNDE — Roberto Campos, Celso Furtado e Ignácio Rangel — apresentavam, nos anos 1950, visões de planejamento distintas que serão com­paradas com o objetivo de mapear os posicionamentos coexistentes no BNDE em seus primeiros anos.

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Biografia do Autor

Elisa Klüger, Universidade de São Paulo

Graduada em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP) e atualmente é aluna de doutorado do Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade de São Paulo.

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Publicado

2018-05-09

Como Citar

Klüger, E. (2018). Técnicos e políticos nos primeiros anos do BNDE. Cadernos Do Desenvolvimento, 9(14), 59–81. Recuperado de https://www.cadernosdodesenvolvimento.org.br/cdes/article/view/124

Edição

Seção

Artigos