Heterogeneidade da distribuição dos profissionais de saúde no Brasil e a pandemia Covid-19

Anselmo Luís dos Santos, Marcelo Manzano, André Krein

Resumo


O presente artigo analisa a distribuição dos profissionais de saúde no Brasil e suas implicações para o enfrentamento da Covid-19. Por um lado, destaca-se que as disparidades na distribuição regional dos profissionais da saúde constituem um dos aspectos mais preocupantes da atual estrutura do sistema nacional de saúde. Por outro lado, observa-se que, graças à amplitude e descentralização do Sistema Único de Saúde, aquelas disparidades são em parte atenuadas pela rede pública, compensando a escassez relativa de serviços privados de saúde nas unidades da federação com menor renda per capita. Observou-se também que, frente aos riscos das atividades de atendimento à saúde relacionados à conjuntura pandêmica, a intensidade da jornada de trabalho, bem como a incidência de adoecimentos entre os profissionais se deram em maior escala entre os trabalhadores de nível médio, revelando maiores riscos e insegurança entre aqueles que já possuem as ocupações mais precárias e com menores rendimentos.


Palavras-chave


Covid-19; Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS); Sistema Único de Saúde (SUS); Profissionais da Saúde; Desequilíbrios Regionais

Texto completo:

PDF

Referências


ALBUQUERQUE, M. V. de et al. Desigualdades regionais na saúde: mudanças observadas no Brasil de 2000 a 2016. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 4, p. 1055-1064, 2017.

ANDREAZZI, M. F. S.; BRAVO, M. I. S. Privatização da gestão e organizações sociais na atenção à saúde. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p. 499-518, set./dez. 2014.

CAMPOS, G. W. S. SUS: o que e como fazer? Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, n. 6, p. 1707-1714, 2018.

CDC. Centres for Disease Control and Prevention. Outpatient and ambulatory care settings: responding to community transmission of Covid-19 in the United States. Publicado em: 2020. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/ambulatory-care-settings.html. Acesso em: 11 nov. 2020.

COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Enfermagem em números. (Base de dados). 2020. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-numeros. Acesso em: maio 2020.

DAUMAS, R. et al. O papel da atenção primária na rede de atenção à saúde no Brasil: limites e possibilidades no enfrentamento da Covid-19. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n. 6, e00104120, 2020.

DRUCK, G. A terceirização na saúde pública: formas diversas de precarização do trabalho. Trabalho, Educação e Saúde, v. 14, supl. 1, p. 15-43, 2016.

GADELHA, C. A. G. O complexo industrial da saúde e a necessidade de um enfoque dinâmico na economia da saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 8, n. 2, p. 521-535, 2003.

GADELHA, C. A. G.; TEMPORÃO, J. G. Desenvolvimento, inovação e saúde: a perspectiva teórica e política do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, n. 6, p. 1891-1902, 2018.

GREENHALGH, T.; KOH, G.; CAR, J. Covid-19: a remote assessment in primary care. BMJ, 2020; 368:m1182. Disponível em: https://www.bmj.com/content/368/bmj.m1182. Acesso em: 11 nov. 2020.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad Contínua. (Base de dados). Rio de Janeiro: IBGE, 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-mensal.html?=&t=o-que-e. Acesso em: maio 2020.

MEDINA, M. G. et al. Atenção primária à saúde em tempos de Covid-19: o que fazer? Cadernos de Saúde Pública, v. 36 n. 8, 2020.

MOTA, E. Norte e Nordeste têm defasagem de leitos de UTI em relação às outras regiões do país. Edgard Digital, UFBA, Salvador, 17 abr. 2020. Disponível em: http://www.edgardigital.ufba.br/?p=16657. Acesso em: 11 nov. 2020.

NERI, M.; SOARES, W. Desigualdade social e saúde no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 18, suppl. S77-S87, 2002.

OLIVEIRA, F. P. et al. Mais Médicos: um programa brasileiro em uma perspectiva internacional. Interface - Comunicação, Saúde, Educação [online], v. 19, n. 54, p. 623-634, 2015.

ROSSI, P.; MELLO, G. Choque recessivo e a maior crise da história: a economia brasileira em marcha à ré. Nota do CECON, n. 1, abril 2017. Campinas, SP: CECON/IE/Unicamp. Disponível em: https://www3.eco.unicamp.br/images/arquivos/NotaCecon1_Choque_recessivo_2.pdf.

SANTOS, L. M. P.; COSTA, A. M.; GIRARDI, S. N. Programa Mais Médicos: uma ação efetiva para reduzir iniquidades em saúde. Ciência & Saúde Coletiva [online], v. 20, n. 11, p. 3547-3552, 2015.

SCHEFFER, M. et al. (Coord.). Demografia médica no Brasil 2015. São Paulo: Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP; Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo; Conselho Federal de Medicina, 2015. Disponível em: http://www.usp.br/agen/wp-content/uploads/DemografiaMedica30nov2015.pdf. Acesso em: 11 nov. 2020.

SCHEFFER, M. et al. (Coord.). Demografia médica no Brasil 2018. São Paulo: Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP; Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo; Conselho Federal de Medicina, 2018. Disponível em: https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/DemografiaMedica2018.pdf. Acesso em: 11 nov. 2020.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.