Vinhos do sertão: instituições e organizações no Submédio do Rio São Francisco

Carolina Miranda Cavalcante

Resumo


Este artigo trata de três assuntos aparentemente desconexos, a saber, vinhos, instituições e sertão nordestino, tendo por objeto os aspectos econômicos e institucionais da produção de vinhos no assim denominado Vale do São Francisco. A região vitivinícola do Vale do São Francisco se localiza na porção do Submédio do Vale do rio São Francisco, no sertão dos estados da Bahia e de Pernambuco. O objetivo deste trabalho é a análise de como a evolução institucional, através de quatro gerações institucionais, ocorrida no sertão nordestino, permitiu a instalação de vitivinícolas no semiárido. O referencial teórico adotado mescla elementos do institucionalismo vebleniano, ou velha economia institucional, ao novo institucionalismo de Douglass North e Ronald Coase.


Texto completo:

PDF

Referências


ALBERT, Aguinaldo Záckia. O admirável novo mundo do vinho: e as regiões emergentes. São Paulo: Editora Senac, 2004.

ANDRADE, Manuel Correia de. A intervençã o do Estado e a seca no Nordeste do Brasil. Revista de Economia Política, vol. 6, n. 4, p. 125-130, out./dez. 1986.

BHASKAR, Roy. Societies. In: ARCHER, Margaret et al. (Ed.) Critical Realism: essential readings. Londres: Routledge, 1998. p. 206-257.

BLUME, Roni; HOFF, Débora Nayar; PEDROSO, Eugenio Avila. Potencialidade competitiva e recursos essenciais à produçã o de vinhos finos: um estudo da vitivinicultura em São Joaquim, SC. In: Anais do XLV Congresso da sociedade brasileira de economia e sociologia rural. Londrina: SOBER. 2007. Disponível em: Acesso em: 20 dez. 2018.

BLUME, Roni; SPECHT, Suzimary. O uso da noçã o de terroir para a valorizaçã o dos vinhos e promoçã o do desenvolvimento da região da Serra Gaúcha, Rio Grande do Sul – Brasil. In: Anais do IV Congresso Internacional de la Red Sial. Mar del Plata, Argentina, 27 a 31 de outubro de 2008.

CASSIOLATO, José Eduardo; VARGAS, Marco Antonio. Technological upgrading, learning and innovative strategies in the wine productive system of Serra Gaúcha in the South of Brazil. Paper prepared for the UNU/INTECH Project on technological upgrading in traditional industries: from clusters to innovation systems in the wine sectors of the new world wine producers. 2005. Disponível em: Acesso em: 20 dez. 2018.

CAVALCANTI, Josefa Salete Barbosa. Globalizaçã o e processos sociais na fruticultura de exportação do Vale do São Francisco. In: CAVALCANTI, Josefa Salete Barbosa (Org.) Globalização, trabalho e meio ambiente. Mudanças socioeconômicas em regiões frutícolas para exportaçã o. Recife: Ed. UFPE, 2004. p. 123-170.

_____________; SILVA, Ana Cristina Belo da. Globalizaçã o, estratégias produtivas e o trabalho de homens e

mulheres na fruticultura de exportaçã o: o caso do Vale do São Francisco. In: CAVALCANTI, Josefa Salete Barbosa (Org.) Globalizaçã o, trabalho e meio ambiente. Mudanças socioeconômicas em regiões frutícolas para exportaçã o. Recife: Ed. UFPE, 2004. p. 259-281.

CHANG, Ha-Joon. Breaking the mould: an institutionalist political economy alternative to the neo-liberal theory of the market and the state. Cambridge Journal of Economics, vol. 26, n. 5, p. 539-559, set., 2002.

_____________; EVANS, Peter. The Role of Institutions in Economics. In: DYMSKI, G.; DE PAULA, S. (Eds.). Re-imagining Growth. London: Zed Press, 2005. p. 99-140.

COASE, Ronald. The Nature of the Firm. Economica, New Series, vol. 4, n. 16, p. 386-405, nov., 1937.

_____________. The Problem of Social Cost. Journal of Law and Economics, vol. 3, n. 1, p. 1-44, 1960.

COMMONS, John. [1931] Economia Institucional. In: SALLES, Alexandre Ottoni Teatini; PESSALI, Huáscar Fialho; FERNÁNDEZ, Ramón Garcia. (Orgs.) Economia Institucional: fundamentos teóricos e históricos. São Paulo: Editora Unesp, 2017.

COHN, Amélia. Crise regional e planejamento: o processo de criaçã o da Sudene. São Paulo: Editora Perspectiva, 1978.

DALCIN, Maria Stefani. Vale dos Vinhedos: história, vinho e vida. Bento Gonçalves: MSD Empreendimentos Culturais; Gráfica Pallotti, 2008.

DAMIANI, Octavio. Diversificação Agrícola e Redução de Pobreza: a Introdução no Nordeste Brasileiro de Produtos Agrícolas Não-Tradicionais de Alto Valor e seus efeitos sobre pequenos produtores e trabalhadores rurais assalariados. Revista Econômica do Nordeste, vol. 34, n. 1, jan.-mar., 2003.

DEQUECH, David. The demarcation between the “Old” and the “New” Institutional Economics: Recent Complications. Journal of Economic Issues, v. 34, n. 2, p. 565-572, jun., 2002.

EVANS, Peter. Autonomia e parceria: Estados e transformação industrial. Rio de Janeiro: Editora UERJ, 2004.

FARIAS, Claudio Vinícius Silva. Formaçã o da indústria vitivinícola do RS: da imigraçã o italiana aos dias atuais. In: Anais do 4º Encontro de Economia Gaúcha, Porto Alegre, 2008.

FURTADO, Celso. [1959] Uma política de desenvolvimento econômico para o Nordeste. In: FURTADO,Celso (Org.). O Nordeste e a saga da Sudene (1958-1964). Rio de Janeiro: Contraponto/Centro Celso Furtado, 2009.

HAMILTON, Walton. The Institutional Approach to Economic Theory. The American Economic Review, vol. 9, n. 1, p. 309-318, mar., 1919.

_____________. A abordagem institucional para a teoria econômica. In: SALLES, Alexandre Ottoni Teatini; PESSALI, Huáscar Fialho; FERNÁNDEZ, Ramón Garcia (Orgs.) Economia Institucional: fundamentos teóricos e históricos. São Paulo: Editora Unesp, 2017.

HIRSCHMAN, Albert. Notas de uma entrevista com Celso Furtado. In: FURTADO, Celso (Org.). O Nordeste e a saga da Sudene (1958-1964). Rio de Janeiro: Contraponto, 2009.

HODGSON, Geoffrey. What are Institutions? Journal of Economic Issues, v. XL, n. 1, p. 1-25, mar., 2006.

_____________. A evolução das instituições: uma agenda para pesquisa teórica futura. Revista Econômica, vol. 3, n. 1, p. 97-125, jun., 2001.

_____________. What is the essence of institutional economics? Journal of Economic Issues, vol. 34, n. 2, p. 317-329, jun., 2000.

LAFER, Celso. JK e o Programa de Metas (1956-61): processo de planejamento e sistema político no Brasil.Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2002.

LENZA, Pedro. Direito Constitutional Esquematizado. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

LOCKE, Richard. Construindo confiança. Econômica, vol. 3, n. 2, p. 253-281, set., 2001.

MELLO, Loiva Maria Ribeiro de. Panorama da produção de uvas e vinhos no Brasil. Campo & Negócios, p. 54-56, abr., 2017.

NORTH, Douglass. [1990] Instituições, mudança institucional e desempenho econômico. São Paulo: Três Estrelas, 2018.

PROTAS, José Fernando da Silva; CAMARGO, Umberto Almeida; MELLO, Loiva Maria Ribeiro de. A vitivinicultura brasileira: realidade e perspectivas. In: Simpósio Mineiro de Viticultura e Enologia, n.1, p. 17-32, 2002.

RUTHERFORD, Malcolm. Institutions in Economics: the old and the new institutionalism. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.

_____________. Institutional Economics: then and now. Journal of Economic Perspectives, vol. 15, n. 3, p. 173- 194, 2001.

SALLES, Alexandre Ottoni Teatini; PESSALI, Huáscar Fialho; FERNÁNDEZ, Ramón Garcia (Orgs.) Economia Institucional: fundamentos teóricos e históricos. São Paulo: Editora Unesp, 2017.

SIMON, Herbert. Bounded Rationality. Mimeo, s.d.

_____________. From Substantive to Procedural Rationality. In: HAHN, Frank; HOLLIS, Martin (Eds.). Philosophy and Economic Theory. Oxford: Oxford University Press, 1979.

SOBEL, Tiago Farias. Desenvolvimento territorial nos perímetros irrigados do Submédio do Vale do São Francisco: o caso dos perímetros Nilo Coelho e Bebedouro (PE). Dissertaçã o (Mestrado em Economia). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006.

_____________; ORTEGA, Antonio César. Estratégias de desenvolvimento territorial: o caso do Polo Petrolina-Juazeiro. In: Anais do XLV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER), Londrina, 2007.

SOUZA, Angela Cristina Rocha de; CORRÊA, Maria Iraê de Souza; MELO, Sérgio Carvalho Benício de.Os desafios da constituiçã o de uma rede organizacional no setor de vitivinicultura do Vale do São Francisco. In: Anais do 5º Congrès de l’institut Franco-Brésilien d’Administration des Entreprises - IFBAE, Grenoble, 2009.

TROMBIN, Vinícius Gustavo. Proposiçã o de um método para analisar a viabilidade da implantaçã o de uma cadeia produtiva em um novo local: o caso da citricultura no polo Petrolina-Juazeiro. Dissertaçã o (Mestrado em Administraçã o). Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007.

VEBLEN, Thorstein. Why is Economics not an Evolutionary Science? The Quarterly Journal of Economics, vol. 12, n. 4, p. 373-397, 1898.

_____________. [1899] A teoria da classe ociosa: um estudo econômico das instituiçõ es. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

_____________. Por que a Economia não é uma ciência evolucionária? In: SALLES, Alexandre Ottoni Teatini; PESSALI, Huáscar Fialho; FERNÁNDEZ, Ramón Garcia (Orgs.) Economia Institucional: fundamentos teóricos e históricos. São Paulo: Editora Unesp, 2017.

VILLA, Marco Antonio. Vida e morte no sertão: história das secas no Nordeste nos séculos XIX e XX. São Paulo: Ática, 2001.

WILLIAMSON, Oliver. The Economic Institutions of Capitalism. London: The Free Press, 1985.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.