Editorial | Nº 2

Cadernos do Desenvolvimento

Resumo


O segundo número de Cadernos do Desenvolvimento é dedicado a diagnósticos e perspectivas sobre o Brasil. Os diagnósticos são recentes, e estão nos textos dos três seminários organizados pelo Centro Celso Furtado no primeiro semestre de 2006, sob a coordenação da professora Maria da Conceição Tavares. As perspectivas remetem aos anos 50, e se condensam nas dez conferências proferidas por Celso Furtado durante um curso de capacitação promovido no Rio de Janeiro pela CEPAL. Completa o Dossiê Celso Furtado um texto seu de 2002, em que ele rememora o ambiente intelectual e ideológico do país na época em que apresentou as “perspectivas da economia brasileira”.
O seminário inaugural do Centro Celso Furtado debateu os problemas de médio e longo prazos do desenvolvimento brasileiro, em torno da idéia-síntese de que o desenvolvimento não é processo quieto e calmo, mas supõe conflitos na superação das desigualdades e dos desequilíbrios. O segundo seminário indagou como o Brasil deve se inserir num mundo de constantes mutações políticas, diplomáticas e financeiras, e como somos e seremos face à globalização de nossos destinos. O foco do terceiro seminário foi o financiamento do desenvolvimento; as muitas alternativas vislumbradas por seus participantes são uma inequívoca resposta aos que alegam não haver recursos para financiá-lo
As palestras feitas por Celso Furtado em 1957, na sede do BNDE – ainda sem o S do social –, foram reunidas, no ano seguinte, no livro Perspectivas da economia brasileira. Nessa época a renda per capita do Nordeste era de 110 dólares da época, e de modestos 340 a do sul do Brasil. O país vivia o surto da industrialização, concretizava projetos e o sonho de ingresso na modernidade. Lá se vai meio século. Ao publicar na íntegra essas conferências, pela primeira vez desde que se esgotou a segunda edição do livro, em 1960, Cadernos do Desenvolvimento submete ao crivo do tempo uma análise lúcida e estimulante da economia brasileira feita por um de seus maiores intérpretes.
A publicação deste número coincide com a recente eleição de um Presidente da República. Qualquer que tenha sido a escolha ideológica dos leitores, trata-se de um desses momentos em que é lícito renovar a esperança de termos deixado para trás o marasmo econômico. Esperemos que os problemas apontados e debatidos, com meio século de intervalo, por Celso Furtado e pelas vozes dos especialistas reunidos nestas páginas sirvam de subsídio para a anunciada retomada do desenvolvimento. Que seja este o passo seguinte da nossa história.


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