Chamada Aberta | Dossiê "Democracia, desenvolvimento e sua articulação na história do pensamento econômico, político e social brasileiro"

Em uma sociedade e economia de capitalismo periférico e dependente, com passado escravocrata e colonial, como a brasileira, as questões da democracia e do desenvolvimento ainda são historicamente pontos centrais das questões políticas, sociais, econômicas e culturais e focos de análise de nomes significativos da nossa história de pensamento desde o século 20. O desenvolvimento autônomo e autopropelido ainda é um dilema de nossa sociedade e de nossa economia. A democracia, seus dilemas e suas crises ainda são feridas abertas e não cicatrizadas em nossa história. Desenvolvimento e democracia são dois dos pontos centrais do pensamento moderno, mas para compreendê-los em nossa sociedade e economia de maneira ampla e articulada é necessário mergulhar nas especificidades destes elementos no Brasil. Se, de forma generalista, definirmos democracia substantiva como a efetiva participação da maioria da população nas instâncias decisórias da vida social e com pleno usufruto da vida econômica, política e cultural do país: como uma sociedade destacadamente desigual, de passado colonial e escravocrata, marcada pelo racismo institucional e estrutural, inserida de maneira dependente e periférica no cenário econômico e político mundial pode ser democrática ou pode se desenvolver de maneiras sustentáveis? Ainda mais, qual a relação entre democracia e desenvolvimento na formação econômico-social brasileira? Como estes elementos se relacionaram ao longo de nossa história? Como nossos e nossas intelectuais (orgânicos ou não), dos mais variados matizes teóricos e ideológicos interpretaram estas relações ao longo da história do pensamento brasileiro?

Dada a quadra histórica em que vivemos no Brasil, após décadas de implementação e avanço do neoliberalismo, marcado pela perda de direitos da classe trabalhadora, redução do papel social do Estado, pelo desmonte de políticas públicas para o desenvolvimento, pelo agravamento do genocídio da população negra como política de Estado, de privatizações, de ampliação da financeirização e mercantilização da vida e da economia, de liberalização comercial, produtiva e financeira, da condução das políticas econômicas marcadas pela austeridade macroeconômica. E dado o atual cenário de ampliação e ascensão da extrema direita fascista, autoritária, antidemocrática, xenofóbica, liberal, altamente conservadora, antiecológica anti direitos dos grupos sociais oprimidos (mulheres, negros, quilombolas, indígenas, LGBTQIA+ etc.), inclusive em articulação com movimentos e grupos internacionais. Torna-se imperativo refletirmos melhor sobre as questões do desenvolvimento, da democracia e de seus dilemas no Brasil. Para isto, resgatar o que já foi produzido de interpretação, análise e perspectivas sobre estes temas na história do pensamento brasileiro pode nos ajudar a compreender melhor e a pensar saídas e novas perspectivas para transformação da nossa sociedade.

 

Organização: 

Carla Curty do Nascimento Maravilha Pereira. Professor Adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Economia. Doutora em Economia da Indústria e da Tecnologia, Mestre em Economia Política Internacional e graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8045474255034827
Orcid-id: https://orcid.org/0000-0002-3052-9779

Jaime Ernsto Winter Hughes León. Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Economia. Doutor em Economia da Indústria e da Tecnologia e graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Mestre em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Campinas.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4370070472722902
Orcid-id: https://orcid.org/0000-0001-8400-2801


Chamada: até 31 de outubro de 2024.

Publicação: janeiro de 2025.

Submissões e diretrizes: http://www.cadernosdodesenvolvimento.org.br/ojs-2.4.8/index.php/cdes/about/submissions#onlineSubmissions

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