O Estado e seus pressupostos

Remi Lenoir

Resumo


Conhecemos as reservas de Pierre Bourdieu quanto às noções que designam os coletivos, como, por exemplo, a família tradicional, que ele prefere chamar de casa, as profissões ou as instituições como a Igreja, que ele analisa em termos de campo. Mas suas reticências talvez nunca tenham sido fortes quanto a respeito do Estado, a ponto de não se permitir utilizar essa palavra por vários anos (mais de 20) em que, todavia, estudava seus componentes, e de ter reservado parte importante das publicações que lhe dedicou explicitamente — em especial no seu curso Sobre o Estado e sua obra A Nobreza do Estado — aos fundamentos sociais da noção e da filosofia social, notadamente a concepção de poder que ela contém em si, sendo isso o que ele chama de “pensamento de Estado”, que talvez nunca tenha tanta força senão quando se aplica ao Estado; O “corte” — e não a rejeição — com a linguagem corrente não resulta de uma preocupação de higiene linguística, mas do que o trabalho científico, segundo Bourdieu, implica: uma verdadeira conversão de pensamento. Bourdieu costumava usar a fórmula de que a noção de Estado (o Estado tomou tal medida...) é uma “estenografia” para nomear o que ele chama de “campo burocrático”; é uma estenografia que designa a resultante de tudo o que se passa nesse campo. Por isso, “o trabalho do sociólogo, nesse caso particular [o do Estado], consiste, dizia ele, em tentar se reapropriar dessas categorias do pensamento de Estado, que o Estado produziu e inculcou em cada um de nós, que se produziram ao mesmo tempo que o Estado se produzia, e que aplicamos a todas as coisas, e em particular ao Estado para pensar o Estado, de maneira que o Estado permanece o impensado, o princípio impensado da maioria de nossos pensamentos, inclusive sobre o Estado.” [CONTINUA]


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